A natureza demoníaca da Natureza.
Vorph "ги́ря" Valknut
M/18 (imagens susceptíveis de impressionarem as almas ignaras).
Também eu sou, de tempos a tempos, assenhorado por um absconso e abnóxio romanticismo oitocentista, relativo à perfeição desse mundo dito, natural, com os seus equilíbrios, as suas economias, as suas harmonias, em contraste com a imperfeição, com a soberba deste, nosso, projectado mundo artificial. Certas ideias tolas, tomadas como verdadeiras, pegadas de homens tontos, frustes de incapacidades, porque incapazes de tudo o que todo o Homem deveria ser habilitado. Perdidos, então, neste mundo, criam um outro, não menos real, vivendo por lá, em reclusão, na esperança pateta de se sentirem, nele, vencedores. Criam, à força, leis que só eles entendem e que só eles lhe sabem as regras. Desse mundo imaginário partem em sortidas contra o nosso, cá de baixo, forçando-o para dentro daquel'outro. Em retirada, perante a obstinação repetida do real, perguntam-se, arrasados : porque o que É se mostra tão resiliente ao que Deveria ser? Sofrendo das sezões das derrotas, acabam um dia por odiar quem pretendiam salvar, por quererem mal ao seu, outrora, maior bem. O "Mundo". Sozinhos, planeiam, por fim, o seu rebentamento.
A verdade é que o mundo natural, nas suas volições arbitrárias, nas suas explosões assassinas, nas suas leis de matança, é bem pior do que o canto por nós criado, sendo o Homem o bicho mais misericordioso, da natureza, saído. Porque dotado da singular capacidade de se pensar fora dela, e portanto, fora de si, é capaz de abdicar das suas mais funestas heranças maternas. Mas essa singularidade é armadilha e razão das suas mais singulares dores, porque ao se pensar como um não animal, lança projectos irreais, porque incompatíveis com a sua inata matéria. Desta feita na Razão está a razão de todo o seu amargor, da dolorosa culpa mas, também, dessas Obras, maiores, de deuses, concretizadas além da realidade, hedionda, dessa selvática natureza.